Na metade de 2025, o ecossistema global de fusões e aquisições (M&A) vive um momento de consolidação após a forte retomada registrada no segundo semestre de 2024. Longe de ser uma recuperação pontual, os dados acumulados no primeiro semestre do ano confirmam que estamos diante de um novo ciclo de crescimento, impulsionado por fatores estruturais e por um renovado apetite dos investidores — especialmente no setor tecnológico.
O final de 2024: a retomada do motor global
Após quase dois anos de contenção, o mercado global de M&A surpreendeu com uma aceleração significativa no segundo semestre de 2024. Segundo a consultoria estratégica global Bain & Company, o quarto trimestre de 2024 fechou com um valor agregado de transações superior a US$ 1,3 trilhão no mundo todo — o melhor resultado desde 2021. América do Norte e Europa lideraram essa recuperação, com destaque para os setores de tecnologia, saúde digital e cibersegurança.
Essa retomada foi precedida pela estabilização das taxas de juros por parte do Federal Reserve e do Banco Central Europeu, a melhora nas expectativas macroeconômicas e uma pressão crescente sobre os fundos de private equity para utilizar o dry powder acumulado desde 2022.
1º semestre de 2025: megadeals em alta, seletividade no mid-market
O impulso não parou. No primeiro semestre de 2025, as operações mantiveram um ritmo sólido, embora mais seletivo. De acordo com a PwC, o valor global das transações no período cresceu 15% em relação ao mesmo período do ano anterior, embora o volume (número de operações) tenha caído 9%.
Por região:
- América do Norte alcançou US$ 1,04 trilhão, com crescimento de 17%, impulsionado por grandes deals nos setores de energia, inteligência artificial e saúde.
- Já na EMEA, o volume caiu 6% e o valor 7%, refletindo maior cautela dos compradores e menos operações de grande porte.
Quais setores estão liderando a nova onda de M&A?
- IA aplicada e modelos fundacionais: empresas com forte propriedade intelectual em geração de linguagem ou visão computacional estão altamente demandadas.
- Cibersegurança pós-quântica: cada vez mais relevante para grandes grupos industriais e financeiros.
- Healthtech & Biotech: com foco em plataformas de diagnóstico preditivo e medicina personalizada.
- ClimateTech e infraestrutura sustentável: impulsionadas por pressão regulatória e compromissos ESG de grandes players.
- SaaS verticalizados: soluções específicas para nichos industriais como agrotech, legaltech e proptech.
Uma janela de oportunidade que não durará para sempre
O momento atual oferece condições favoráveis para operações corporativas, mas não está isento de riscos.
“O mercado segue exposto a riscos geopolíticos, à inflação persistente e a possíveis mudanças regulatórias”, alerta Rafael Vavrik, Associate Manager da Pipeline Capital.
“Por isso, tanto empresas que buscam crescer de forma inorgânica quanto empreendedores que consideram uma venda precisam agir com agilidade e visão estratégica neste momento.”
Em um ambiente tão dinâmico, muitas empresas estão revendo suas estratégias de crescimento com uma perspectiva de longo prazo, priorizando aquisições que complementem áreas estratégicas, com gestores confiáveis e geração de resultados sustentáveis.
“A experiência, a empatia e a execução rigorosa da liderança de uma empresa são fatores-chave para que uma transação tenha impacto real”, ressalta Vavrik.
Esse enfoque ganha ainda mais relevância em um cenário em que a janela de oportunidade pode não permanecer aberta por muito tempo.
Para além da transação: o papel de um parceiro estratégico
Neste novo ciclo, o sucesso em M&A não se mede apenas por múltiplos ou velocidade de fechamento. É fundamental estruturar transações que gerem valor real e duradouro. A Pipeline Capital, com seu diferencial baseado em conhecimento empreendedor e experiência no ecossistema tecnológico, recomenda que se identifiquem oportunidades de aquisição que não apenas façam sentido financeiro, mas que também compartilhem uma visão estratégica e uma cultura organizacional compatível.
Também é essencial preparar os processos de venda com antecedência suficiente, para maximizar o valor e reduzir atritos. E, após o fechamento, é necessário planejar com cuidado a fase de integração, garantindo a retenção de talentos-chave e a continuidade da capacidade de inovação.