Após uma aquisição, uma das primeiras perguntas que surge é: devemos fazer rebranding ou manter tudo como está?
É uma decisão estratégica. Mais do que trocar o logo ou o nome, trata-se de definir o que queremos comunicar como nova companhia e como queremos ser percebidos por clientes, colaboradores e o mercado.
O rebranding pode ser uma ferramenta de alinhamento e crescimento, mas também uma faca de dois gumes — não há uma resposta única. O que está claro é que fazê-lo sem uma visão clara, sem o timing adequado ou sem entender o valor real das marcas envolvidas pode destruir valor rapidamente.
Quando o rebranding faz sentido imediato
Há casos em que o rebranding faz sentido desde o primeiro momento. Por exemplo, quando a empresa adquirida tem problemas de reputação, uma marca fraca ou uma identidade que não agrega valor. Foi o caso do Santander na América Latina: ao adquirir diversos bancos regionais, muitas vezes decidiu avançar rapidamente com a mudança de marca para consolidar uma presença forte, unificada e global. Em contextos assim, a marca do comprador não só tem mais valor, como também transmite maior confiança.
Rebranding como parte de uma visão comum
Outro cenário onde o rebranding é coerente é quando se busca alinhar as duas empresas sob uma mesma visão de futuro. O caso de Meta e Oculus é um exemplo claro: o Facebook adquiriu a Oculus e, com o tempo, integrou a marca ao ecossistema da Meta, alinhado à nova narrativa do metaverso. Não foi uma mudança superficial — foi parte de um reposicionamento estratégico.
Casos intermediários: transição progressiva
Também existem os casos intermediários. O Mercado Livre, por exemplo, adquiriu a startup logística Kangu no Brasil. Durante algum tempo manteve a marca, mas em 2023 começou a integrá-la gradualmente ao seu universo. Fez isso de maneira progressiva, cuidando da transição e evitando ruídos com os clientes. Foi uma decisão inteligente: manter o que funcionava, mas capitalizar o valor da marca Mercado Livre no momento certo.
Os riscos do rebranding precipitado
Assim como há bons exemplos, há erros que se repetem. Trocar a marca muito rapidamente, sem entender seu valor simbólico, pode gerar rejeição dos clientes, confusão no mercado e perda de engajamento interno. Um rebranding mal comunicado ou mal executado pode ser prejudicial. A fusão entre AOL e Time Warner é um exemplo disso. Além do fracasso do negócio, nunca conseguiram construir uma narrativa ou identidade comum. Nem o mercado nem os funcionários entenderam a fusão completamente.
Quando NÃO fazer rebranding
Também é importante saber quando não fazer rebranding. Às vezes, a marca adquirida tem um valor tão grande que o melhor é preservá-la. O Google entendeu isso quando comprou o YouTube em 2006: jamais tentou mudar o nome ou impor sua identidade. A marca YouTube já era, por si só, um ativo estratégico, com uma comunidade forte, um posicionamento claro e um estilo de comunicação próprio.
Qual é o momento ideal para fazer rebranding?
Então, qual é o momento ideal para fazer rebranding após uma aquisição? Não deve ser nem imediato nem excessivamente tardio. Se a marca for alterada assim que o negócio é fechado, sem compreender os clientes, a equipe ou a cultura da outra empresa, o risco é gerar mais incertezas do que confiança. Mas, se for adiado indefinidamente, instala-se uma ambiguidade que pode prejudicar tanto a integração interna quanto a percepção externa.
O melhor momento costuma ser quando os aprendizados essenciais já foram absorvidos e quando há uma direção clara sobre para onde caminha a nova empresa. Nesse ponto, o rebranding pode ser muito mais do que uma mudança estética — uma oportunidade para renovar a proposta de valor, unificar culturas e contar ao mercado uma história potente, coerente e ambiciosa.