Texto de Pyr Marcondes, Senior Partner na Pipeline Capital.
O setor de M&A no Brasil e em todo o mundo vem experimentando uma expansão significativa e crescente nos últimos 10 anos, com ênfase nos últimos 5 anos. Isso se deve ao fato de que empresas de todos os portes passaram a entender a prática das fusões e aquisições como uma estratégia de crescimento, diferenciação, expansão e inovação.
Pequenas e médias empresas buscam na fusão uma forma de crescer mais rápido do que o crescimento orgânico, sendo muitas vezes elas mesmas, algumas ainda em estágio de startups, alvo de aquisição por grandes companhias, que por sua vez enxergam nelas um caminho mais curto para incorporar habilidades que não possuem.
Já as grandes corporações vêm utilizando a prática para ir em busca de acelerar sua jornada de inovação e não perder força competitiva em um mercado cada vez mais acelerado.
No início da pandemia, a partir de março de 2020, esse ritmo se reduziu, mas já a partir do segundo semestre do ano, o setor voltou a sua atividade acelerada de antes.
Empresas anunciaram US$760 bilhões em aquisições globalmente, até o final do quarto trimestre do ano passado, o maior valor para este ponto no período desde 2016, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Para citar apenas um grande negócio recente na área, a Salesforce adquiriu a ferramenta de gestão de equipes corporativas Slack por US$27,7 bilhões.
No Brasil
Passado o primeiro impacto da Covid-19 nos primeiros meses de 2020, o mercado de M&A vivenciou uma forte recuperação no número de operações, conforme mostra pesquisa realizada pela PwC. O estudo apontou um aumento de 34% dessas transações entre janeiro e setembro de 2020, em relação à média dos nove primeiros meses dos últimos cinco anos. Considerado o mesmo período de 2019, o incremento foi de 12%.
Para 2021, o que se espera é que esse ritmo se acelere. Um dos fatores a ser considerado nessa projeção é o câmbio favorável no Brasil, diante das moedas fortes, tornando os ativos no País atraentes para o capital internacional.
Por outro lado, um indicador importante a ser também considerado vem de um setor conexo ao de M&A, que é o de IPOs.
O volume de IPOs no Brasil no ano de 2020 foi o maior desde 2007, tendo atingido o recorde de 28 IPOs na Bolsa brasileira entre janeiro e dezembro do ano passado, com captação total de R$ 117 bilhões. É o maior número de ofertas iniciais em 18 anos.
Esse movimento estimula o mercado de M&A de duas formas: a primeira porque as empresas que estão se preparando para abrir suas ações em bolsa adquirem empresas para se tornarem mais capitalizadas; a segunda é exatamente após o IPO, quando as empresas, já capitalizadas, buscam no mercado disciplinas, serviços e soluções que não detém, para alavancar rapidamente seu crescimento com valor competitivo ampliado.