Especialistas mostram otimismo para o mercado de fusões e aquisições no Brasil em 2021

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  • A recuperação da economia e a atratividade do investimento continuarão crescendo em todos os setores da indústria.
  • O Brasil está bem posicionado para atrair investimentos estrangeiros.

Entrevista com Alexandre Pierantoni – Diretor da Duff & Phelps

O que justifica esse otimismo? 2021 poderia ser um ano melhor?

Minha visão é que o tom seja positivo e otimista. Depois de um ano muito inusitado e também desafiador, há a perspectiva de uma vacina, de recuperação das economias, da continuidade da recuperação dos preços das commodities, da ativação econômica, tudo isso em um contexto global, mas particularmente no contexto brasileiro, e vai envolvem maior liquidez e uma enorme mudança estrutural, principalmente se considerarmos as taxas de juros no Brasil.

Mesmo com a perspectiva positiva de atingir, ao final do ano, 3% ou 3,5%, contra os atuais 2%, os investimentos na economia real – mercado de capitais – permanecerão no mesmo patamar de juros, o que pode trazer mais retornos atraentes. A volta do consumo no Brasil, aliada à liquidez, a uma taxa de juros baixa – o pilar de toda essa transformação – torna o Brasil mais atraente para o investimento na economia real.

Essa recuperação da economia e sua atratividade continuarão crescendo em todos os setores de investimento. É um ciclo virtuoso do mercado de capitais que levanta recursos a serem aplicados na economia real para fusões e aquisições. Mesmo em 2020, mantivemos os níveis de transações de 2019. Cerca de 1.200 transações foram anunciadas, o que é substancialmente mais do que a média histórica de cerca de 800 transações.

Provavelmente manteremos essa curva de crescimento, com possibilidade de batermos recordes em 2021 no mercado de IPOs, r diversas operações e captação de recursos, e no mercado de fusões e aquisições. Os bancos falam em cifras de mais de R $ 150 bilhões. Por quê? Porque uma grande parte envolve questões primárias destinadas a empresas se tornarem mais fortes, consolidar e fazer aquisições.

Você acha que 2021 ultrapassará as 1.200 transações de 2020? Há espaço para isso?

Todos os sinais apontam para ele e há espaço para isso. Todas as variáveis ​​que comentei na primeira resposta ainda estarão lá. Através do meu pipeline de projetos na Duff e Phelps, posso ver que é um portfólio em crescimento. Contamos também com o aumento da participação em private equity, estratégia que já existe no Brasil e internacional que ainda não chegou lá.

Além disso, ainda teremos outras combinações essenciais, como manter e ter concessões e privatizações, que voltou a ser uma agenda necessária do governo. Tudo isso nos faz acreditar que podemos, em 2021, bater um recorde de transações anunciadas porque as taxas de juros serão mantidas baixas e o mercado de capitais continuará atraente. Por fim, para concluir, devemos incluir o retorno de investidores internacionais ao Brasil.

Em 2019, a bolsa de valores brasileira e todo o movimento do mercado de capitais foram fortemente marcados por investidores nacionais realocando recursos de renda fixa ou aplicação no mercado financeiro para o mercado de capitais. Só contamos com a presença de investidores internacionais porque, durante a pandemia, todos se voltaram para o ‘seu quintal’ para cuidar de sua base. Ainda assim, o Brasil está posicionado para atrair investimentos estrangeiros novamente em 2021.

Vale ressaltar que devemos continuar criando as condições para manter essa atratividade, perseguindo a agenda de reformas, seguindo as questões de segurança tributária, nos preocupando com o déficit orçamentário, com o endividamento do governo – que era esperado chegar a quase 100% em 2020 – transparência , governança e comunicação no mercado.

Nas pesquisas feitas na Duff & Phelps, há um percentual para o impacto que essa agenda de reformas poderia ter no mercado?

Não é possível colocar um número nele. É um valor intangível em termos de atratividade. O país deixará de ser atraente porque não fez as reformas? A meu ver, não deixará de ser atraente porque sempre tivemos investimentos que ainda proporcionam retorno.

A questão é: com a execução das reformas, você deve se tornar mais atraente e alcançar uma posição melhor no mercado internacional porque o Brasil passa a ser uma das opções disponíveis. Quando há liquidez mundial, principalmente em um momento de recessão global, em que os governos precisam estimulá-la, os investidores têm mais previsibilidade e conforto para um país estar bem posicionado. O impacto é mais conceitual do que binário.

Outra coisa é que devemos abordar seriamente o tema ESG, que hoje é obrigatório em investimentos. Isso pode ser um fator para a tomada de decisão de investimento para um país ou empresa, e acaba sendo binário. Para fechar esse contexto, o setor financeiro de private equity tem amadurecido surpreendentemente bem no Brasil nos últimos anos, está cada vez mais transparente, melhor regulado e participa da economia, apoiando as empresas. Tanto que, há algum tempo, era a única fonte de capital porque havia pouco endividamento a uma taxa de juros muito mais elevada.

Mesmo em um ambiente um pouco mais turbulento, com incertezas e sem reformas, houve aumento do investimento a cada ano e da remuneração do capital investido. Por outro lado, devido ao ESG e seu impacto global atual, acho que pode ser mais binário na atratividade de investimento, principalmente investimento estrangeiro.

A pandemia foi um fator que alavancou fusões e aquisições?

A pandemia antecipou toda a discussão estratégica sobre a adoção de tecnologia. Tínhamos de alcançar em meses o que, muito provavelmente, levaríamos anos para fazer. Esta é a primeira parte da resposta a esta pergunta. Em termos de fusões e aquisições, a pandemia expôs empresas mais suscetíveis (do ponto de vista do capital) ou que precisam ser reforçadas para entrar em novos setores ou produtos ou para implementar tecnologia que requeira investimento.

Parte desse movimento envolve a reestruturação de empresas que precisam levantar novos recursos para sobreviver aos ciclos de caixa. Quando olhamos para o investimento financeiro de private equity abertamente, o segundo e terceiro trimestres de 2019 apresentaram níveis recordes de investimento de capital de risco. Essas empresas precisavam levantar recursos porque não estavam 100% maduras e geravam caixa. Eles precisavam arrecadar mais para acelerar movimentos estratégicos, desenvolver produtos e aproveitar as oportunidades de e-commerce e logística que foram afetadas positivamente pela pandemia.

O patrimônio privado poderia diminuir a atividade por um tempo e teríamos que esperar para ver o que aconteceria. Eu esperava um movimento maior de reestruturação das empresas. Houve crescimento, sem dúvida, mas dada a liquidez da economia e o acesso ao mercado de capitais, as empresas se reestruturam sem falência.

Sem dúvida, a pandemia aumentou o movimento de fusões e aquisições, o que é um dos motivos para mantermos o nível atual. Acredito que ainda estamos em um cenário positivo, mas existe uma preocupação com o que vai acontecer no primeiro semestre de 2021.

Provavelmente, não terá o mesmo volume de incentivo do governo na economia, fazendo com que o consumo caia. Então, as empresas estarão preparadas para este primeiro semestre? Haverá algumas dificuldades. A maior onda já passou. No entanto, haverá outras ondas por trás disso.

Existe otimismo em relação à geração de empregos?

Para isso, deve-se ter uma real recuperação econômica. Existe essa herança cultural de inflação e instabilidade. Aliás, a inflação é um tema que pouco preocupa no curto prazo; o Índice Geral de Preços de Mercado é de dois dígitos, entre 20% e 25%. Como há precaução de investimento, pode haver recuperação do emprego.

Portanto, devemos observar o comportamento da curva de emprego. Hoje temos 14% de desemprego, um nível alto, e era esperado que aumentasse devido à pandemia. Devemos olhar para o equilíbrio entre consumo e liquidez do consumidor, visto que o governo não vai ficar perto na liberação de recursos de apoio.

Esse equilíbrio com o emprego é um cálculo que vai demandar um pouco mais de tempo. A economia vai reagir mais lentamente. O que poderia ajudar aqui é outro fenômeno: cadeias de suprimentos enfrentando muitas rupturas, suprimentos de matéria-prima e embalagens. Um exemplo é a indústria automotiva que paralisou linhas de produção por falta de contêineres para locação em todo o mundo.

A preocupação é como as cadeias de suprimentos logísticos estão sendo reorganizadas. Isso afetará a recuperação econômica. Tenho certeza de que essa recuperação ocorrerá, mas os pequenos ajustes são para saber em que velocidade.

Tivemos eleições recentemente e algumas pessoas disseram que a base do governo foi derrotada. Isso atrasa os investimentos estrangeiros e o mercado de fusões e aquisições?

As questões políticas sempre afetam a atratividade e a estabilidade de qualquer país, aqui, na América Latina, nos Estados Unidos ou na Europa. Estamos observando como isso impactará a economia. Um exemplo é o processo eleitoral na América do Norte. O ruído gerado lá é ruim para todos.

A Câmara e o Senado brasileiros devem retomar seu papel na condução da implementação das reformas. Eu entendo que há uma noção da importância de continuar as reformas, principalmente no contexto de pandemia e instabilidade. Obviamente, a comunicação adequada do governo com as câmaras do parlamento e outras instituições do Estado é vital.

Em relação às eleições, sabemos qual será a situação do Brasil até 2022, e esse clima político atual não mudará e que não excluirá investimentos do país. No entanto, faz com que seja necessário que um investidor que não conhece o Brasil o conheça melhor, isso é verdade não só para o Brasil, mas é a mesma situação em toda a América Latina. Os países latino-americanos, no entanto, têm oportunidades. O clima político afeta os investimentos, mas não os elimina.

Se eu iniciar um processo de M&A hoje, meu horizonte para encerrar o processo é de 10 a 12 meses. Muita água pode fluir por baixo da ponte enquanto ainda estou negociando. Isso vale para todo o processo de negociação e provavelmente será o mesmo nos próximos 10 anos, mesmo sem poder prever o que acontecerá no futuro. As decisões são tomadas no curto prazo com uma noção de longo prazo, e é por isso que a questão do ambiente político e conhecer o “quintal” é essencial.

Olhando para trás nos últimos 50 anos, qualquer que fosse a situação em que o país se encontrava, houve flutuações e instabilidade esperada, permaneceu um conhecimento do mercado. O Brasil é assim, mas dá para investir, ganhar dinheiro e no período em discussão a sociedade como um todo vem melhorando. O poder de compra está cada vez melhor. Todo o capital investido, em contrapartida, beneficia a sociedade. Pode-se ficar feliz com este ambiente.

Existe algum setor com maior perspectiva de melhoria para o próximo ano? Existem setores que irão enfrentar mais dificuldades?

As características do mercado brasileiro de investimentos e fusões e aquisições são multissetoriais. Não há setor dominante, o que é bom e por isso a curva cresceu neste ano, porque se o setor industrial dominasse o Brasil, o mercado de fusões pararia.

O setor de tecnologia é o que apresenta maior volume de negócios, pois possui transações de diversos portes, a maioria delas de pequeno porte, e representa em torno de 17% a 18% do total das transações. Estamos em um país onde o empreendedorismo é incentivado, agora ainda mais, com capital de risco e recursos mais disponíveis. Ainda assim, é um país onde mais de um terço do PIB é do agronegócio; o último é a pedra angular da economia. Toda a estrutura gira em torno dele.

Eu continuaria chamando a atenção para setores específicos como tecnologia, varejo, saúde, educação. E também, Healthtech, Fintech, Edutech, Agritech, sem esquecer a infraestrutura que o país precisa e exige. Outro aspecto interessante é que o setor de infraestrutura costuma apresentar menor risco e retorno de longo prazo.

Quão contida está a demanda nesses setores mencionados?

Muitas vezes, o varejo está associado apenas à renda. Há alguns anos, grande parte da população tinha acesso a itens básicos e depois a produtos de maior valor agregado. Por exemplo, uma pessoa costumava consumir leite e passou a consumir margarina, cream cheese e, posteriormente, queijo branco. Assim, há um aumento na cadeia de valor. É necessário retornar a essa cadeia de criação de valor para superar o choque da pandemia. Na saúde, também, uma pessoa pode pagar pelo seguro básico de saúde, então, quando perde o emprego, perde o acesso ao seguro.

O consumidor brasileiro teve acesso a produtos e serviços de melhor valor agregado em todas as etapas. Vale lembrar, também, que o setor de infraestrutura conta com um importante ativo social, o marco regulatório de gás, transporte e saneamento. É um bem que sempre será consumido e traz benefício social; portanto, é algo em que o setor privado está investindo.


Segue a versão original em Ingles

  • The recovery of the economy and investment attractiveness will keep on growing in all industry sectors.
  • Brazil is well-positioned to attract foreign investments.  
  • ESG is today mandatory in investments.

On December 9, during the M&A Community webinar ‘Capital Market in Brazil: Strategies and Challenges for Companies in 2021’, participants organized a debate about Brazil’s capital market in 2020 and expectations for the IPO and M&A scenarios in the country for 2021.

Participants included: Alexandre Pierantoni, Managing Director at Duff & Phelps’ mergers and acquisitions consultancy practice, Gabriella Maranesi Najjar, Partner at Vella Pugliese Buosi Guidoni Advogados in Corporate & Finance, Mauro Tukiyama, Managing Partner at RB Investimentos and Leonardo Resende, Relationship Manager at B3.

After the event, the M&A Community talked to Alexandre Pierantoni about some of the issues raised in the Webinar to better understand this optimistic scenario.

During the event, all the participants demonstrated optimism for the M&A market next year. What justifies this optimism? Could 2021 be a better year?

My vision is that the tone is both positive and optimistic. After a very unusual and also challenging year, there is the perspective of a vaccine, of economies recovering, the continuation of the price recovery for commodities, economic activation, all these are in a global context, but particularly in a Brazilian context, and will involve greater liquidity and an enormous structural change, especially if we consider the interest rates in Brazil.

Even with the positive prospect of reaching, by the end of the year, 3% or 3.5%, against the current 2%, investments in the real economy – the capital market – will remain at the same level of interest, which may bring more attractive returns. The return of consumption in Brazil, combined with liquidity, a low interest rate – the pillar of this whole transformation – makes Brazil more appealing concerning investment in the real economy. 

This recovery of the economy and its attractiveness will keep on growing in all sectors of investment. It is a virtuous cycle of the capital market that raises funds to be invested in the real economy for mergers and acquisitions. Even in 2020, we kept to the transaction levels of 2019. About 1,200 transactions were announced, which is substantially more than the historical average of about 800 transactions.  

We will probably keep this growth curve, with the possibility of hitting records in 2021 in the IPO market,r several operations and fundraisings, and the mergers and acquisitions market. Banks are talking about figures of more than R$150 billion. Why? Because a large portion involves primary issues designed for companies to become stronger, consolidate, and make acquisitions.

Alexandre Pierantoni

Do you think that 2021 will overtake 2020’s 1,200 transactions? Is there room for that?

All the signs are pointing towards it, and there is room for it. All the variables that I commented on in the first answer will still be there. Through my project pipeline at Duff and Phelps, I can see that it is a growing portfolio. We are also counting on an increase of interest in private equity, a strategy that already exists in Brazil, and an international strategy that is not quite there yet.

Besides, we will still have other essential combinations, like keeping and having concessions and privatizations, which has become a necessary agenda of the government again. All these make us believe that we can, in 2021, hit a record of announced transactions because interest rates will be kept low, and capital markets will remain attractive. Finally, to conclude, we must include the return of international investors to Brazil.

In 2019, the Brazilian stock exchange and the capital market’s whole movement were strongly marked by national investors reallocating funds from a fixed income or financial market investment to the capital market. We only counted on the international investors’ presence because, during the pandemic, everyone turned to their ‘own backyards’ to take care of their base. Still, Brazil is positioned to attract foreign investment again in 2021.  

It is worth observing that we must keep on creating the conditions to maintain this attractiveness, pursuing the agenda of reforms, following tax security issues, worrying about the budget deficit, the government’s indebtedness – which was expected to reach almost 100% in 2020 – transparency, governance, and communications within the market.

In the surveys made at Duff & Phelps, is there a percentage figure for the impact this reform agenda could have on the market?

It isn’t possible to put a number on it. It is an intangible value in terms of attractiveness. Will the country fail to be attractive because it did not make the reforms? In my view, it won’t fail to be attractive because we have always had investments that still provided a return.

The question is: by executing the reforms, you should become more attractive and reach a better position in the international market because Brazil then becomes one of the available options. When there is world liquidity, chiefly in a moment of global recession, where governments have to encourage it, investors have more predictability and comfort for a country to be well-positioned. The impact is conceptual rather than binary. 

Another thing is that we must seriously address the ESG theme, which is today mandatory in investment. This can be a factor for making an investment decision for a country or company, and it winds up being binary. To close this context, the private equity financial industry has matured amazingly well in Brazil over the last few years, it has become increasingly more transparent, better regulated, and participates in the economy, supporting companies. So much so that some time ago, it was the only source of capital because there was little indebtedness at a much higher interest rate.

Even in a slightly more turbulent environment, with uncertainties and without reforms, there was an increase in investment every year and remuneration from the capital invested.  On the other hand, due to ESG and its current global impact, I guess it can be more binary in investment attractiveness, mainly foreign investment. 

Was the pandemic a factor that leveraged mergers and acquisitions?

The pandemic has anticipated the whole strategic discussion on the adoption of technology. We had to achieve in months what we would, in all likelihood, have taken years to do. This is the first part of the answer to this question. In terms of mergers and acquisitions, the pandemic exposed companies that were more susceptible (from the point of view of capital) or that need to be reinforced to enter new sectors or products or to implement technology that requires investment.  

Part of this movement involves restructuring companies that need to raise new funds to survive cash cycles. When we look at private equity financial investment openly, the second and third quarters of 2019 presented record levels of venture capital investment. Those companies needed to raise funds because they were not 100% mature and cash-generating.  They needed to raise more to speed up strategic movements, develop products, and take advantage of e-commerce and logistics opportunities that had been positively affected by the pandemic. 

Private equity could decrease activity for a while and we’d have to wait and see what would happen. I expected a higher movement of companies’ restructuring. There was growth, no doubt, but given the economy liquidity and access to the capital market, the companies are restructured without bankruptcy.

Undoubtedly, the pandemic increased the movement of mergers and acquisitions, which is one reason for us to maintain the present level. I believe that we are still in a positive scenario, but there is a concern about what will happen in the first half of 2021. 

Most likely, it won’t have the same volume of incentive from the Government in the economy, causing consumption to fall. So, will companies be prepared for this first half-year? There will be some difficulties. The largest wave has passed. However, there will be other waves behind it.

Is there optimism concerning the generation of jobs?

For such, you should have a real economic recovery. There is this cultural heritage of inflation and instability. By the way, inflation is a theme that causes little concern in the short term; the General Index of Market Prices is double-digit, between 20% and 25%. As there is investment precaution, there can be employment recovery.

So, we must observe the behavior of the employment curve. Today we have 14% unemployment, a high level, and it was expected to rise due to the pandemic. We should look at the balance of consumption and consumer liquidity, considering that the government will not be close in terms of releasing support funds.    

This balance with employment is a calculation that will demand a little more time. The economy will react more slowly. What could help here is another phenomenon: supply chains facing too many ruptures, supplies of raw material, and packaging. One example is the automotive industry that stopped production lines because there is a lack of containers for rental worldwide. 

The concern is how logistic supply chains are being reorganized. That will affect economic recovery. I’m sure that this recovery will occur, but the slight adjustments is to know at what speed.

We had elections recently and some people said that the government base was defeated. Does that delay foreign investments and the M&A market?

Political issues always affect the attractiveness and stability in any country, here, in Latin America, the United States, or Europe. We are watching how it will impact the economy. One example is the North American election process. The noise being generated there is bad for everybody. 

The Brazilian Chamber and Senate must retake their role in leading the implementation of reforms. I understand that there is a notion of the importance of continuing reforms, chiefly in the context of the pandemic and instability. Obviously, proper communication of the government with both chambers of parliament and other state institutions is vital.

As far as elections go, we know what the situation will be in Brazil until 2022, and this current political climate will not change and that it will not exclude investment from the country. It does though make it necessary for an investor who does not know Brazil to get to know it better, this is true not only for Brazil but is the same situation across Latin America. Latin American countries do, however, have opportunities. The political climate affects investments but does not eliminate them.

If I start an M&A process today, my horizon for closing the process is 10 to 12 months. A lot of water can flow under the bridge while I am still negotiating. This is true for the whole negotiation process and will probably be the same for the next 10 years, even without being able to predict what will happen in the future. Decisions are made in the short term with a long-term notion, and that’s why the issue of the political environment and getting to know one’s ‘backyard’ is essential.

Looking back over the last 50 years, whatever condition the country has been in, there have been fluctuations and expected instability, there remained a knowledge of the market. Brazil is like that, but one can invest, earn money, and over the period in discussion, society, as a whole, has been improving. Purchasing power is getting better. The whole amount of capital invested, in return, benefits society. One can be happy with this environment. 

Is there any sector with a greater prospect for improvement for the next year? Are there any sectors that will face more difficulties?

The characteristics of the Brazilian investment and mergers and acquisitions market is multisectoral. There is no dominant sector, which is a good thing and is why the curve grew this year because if the industrial sector dominated Brazil, the merger market would stop.

The technology sector is the one with a more significant business volume because it has transactions of several sizes, most of them small, and represents around 17% and 18% of total transactions. We are in a country where entrepreneurship is encouraged, now even more so, with venture capital and funds more available. Still, it is a country where more than a third of the GDP is agribusiness; the latter is the cornerstone of the economy. The whole structure runs around it.

I would keep on drawing attention to specific sectors like technology, retail, health, education. And also, Healthtech, Fintech, Edutech, Agritech, without forgetting infrastructure, which the country needs and demands. Another interesting aspect is that the infrastructure sector usually presents a lower risk and long-term returns.  

How restrained is the demand in these mentioned sectors?

Retail is too often only associated with income. Some years ago, a large part of the population had access to basic items and then to products with more added value. For example, a person used to consume milk and start consuming margarine, cream cheese, and later buying white cheese. Thus, there is a rise in the value chain. There is a need to return to this value creation chain to overcome the pandemic’s shock. In healthcare, too, a person can pay for basic health insurance, then when they lose their job, they lose access to the insurance.  

The Brazilian consumer had access to products and services with the best added value at all stages. It is worth reminding ourselves, as well, that the infrastructure sector counts on an important social asset, the gas, transport, and sanitation regulatory framework. It is an asset that will always be consumed and brings social benefit; thus, it is something that the private sector is investing in.

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