O aumento do comércio eletrônico impulsiona o surgimento de novas tecnologias para atender a jornada do consumidor
Josane Ferreira, de São Paulo
As medidas de isolamento social e as restrições comerciais causadas pela pandemia de Covid-19 contribuíram para o crescimento do e-commerce no País. Segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) e do Movimento Compre & Confie, empresa de segurança digital para compras na web, o setor de e-commerce teve um aumento de 56,8% durante os oito primeiros meses de 2020, comparado com o mesmo período de 2019. O faturamento chegou à marca de R$ 41,92 bilhões de janeiro até agosto deste ano.
Para Felipe Wasserman, Head de Marketing da Pipeline Capital, a pandemia mudou os hábitos dos consumidores e das empresas. “A Covid fez com que pessoas que tinham medo de comprar on-line, não tenham mais medo. Empresas que nunca pensaram em vender on-line, hoje, vendem. Uma pequena mercearia por exemplo, vende via Rappi, ela não tem um site, mas ela vende on-line. As novas tecnologias estão deixando esse processo de compra mais natural”, explica Wasserman.
De acordo com a ABComm, 150 mil novas lojas on-line foram abertas entre os meses de março a julho deste ano. E 80% dos novos vendedores optaram por utilizar a plataforma de grandes empresas, como Amazon, Mercado Livre e Magazine Luiza. Os números mostram que 78% do faturamento total das lojas virtuais, foram fruto da operação de marketplaces.
Segundo Andrea Miranda, CEO da Standout Brasil, empresa de inteligência em Trade Marketing Digital, o segmento de marketplace vai crescer ainda mais. “Eu vejo grandes players que são e-commerces muitos conhecidos fazendo um movimento para se tornarem também marketplaces. Isso está para acontecer, ainda no final de 2020 ou começo de 2021”, analisa Andrea.
Outra tendência que vem fazendo sucesso na China, e é uma aposta de Andrea para chegar logo aqui no Brasil, é o chamado live commerce. O método consiste em fazer transmissões ao vivo via internet para apresentar produtos e serviços aos consumidores. De acordo com a empresa de consultoria chinesa iResearch, em 2020, o mercado de live commerce deve movimentar US$ 170 bilhões na China. Para a executiva da Standout, o live commerce está para chegar no País a qualquer segundo, e será mais uma opção para compor a jornada do consumidor.
Para a CEO da Standout, o trabalho de inteligência é outra tendência que será cada vez mais utilizada pelo e-commerce brasileiro. Ela servirá para ajudar o vendedor a entender que o consumidor pode estar assistindo a live, pode estar em uma loja física, ou no e-commerce, e pode querer comprar o mesmo produto.
“A inteligência vai ser agregada para ajudar esse vendedor a reconhecer que essa jornada existe de forma complexa e completa. E como é que ele faz para atrair a atenção desse consumidor em todos esses momentos, é que vai ser o pulo do gato”, analisa Andrea.
Olhando para o futuro, Andrea acredita que tudo que surgir terá que facilitar a jornada do consumidor. Defende também a integração entre os meios. “TV, celular, loja física, tudo no mesmo lugar, tudo o que puder ser concentrado irá facilitar. Onde quer que o consumidor esteja, é o lugar onde a gente deve estar, para olhar e facilitar o caminho dele”, avalia a executiva da Standout.