Texto de Pyr Marcondes, Senior Partner na Pipeline Capital.
Em dezembro do ano passado, a SEC (Securities and Exchange Commission, dos Estados Unidos) aprovou a proposta da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) para permitir que as empresas levantassem capital por meio de listagens diretas, sem passar pela intermediação dos grandes bancos de investimento privados, como há décadas se convencionou fazer no mercado aberto de capitais.
A mesma SEC aprovou agora que também a Nasdaq, segunda maior bolsa de capitais dos EUA, mais focada em empresas com maior foco em tecnologia, seguisse o exemplo da NYSE, possa igualmente permitir que as empresas que buscam processos de IPO levantem capital por meio de listagens diretas, sem necessariamente passar pela intermediação dos bancos.
Ambas as mudanças configuram uma espécie de revolução histórica no modelo tradicional de décadas, em que os grandes bancos de investimentos privados organizam os processos de IPOs, beneficiando-se com isso ao oferecer previamente as ações para seus clientes privilegiados, a valores vantajosos em relação àqueles que, de fato, por ocasião do primeiro dia do IPO propriamente dito, são oferecidos publicamente aos investidores em mercado aberto.
A nova alternativa de IPO também pode atrair empresas que estão atualmente buscando abrir o capital por meio de negócios com empresas de aquisição de propósito específico (as SPACs – Special Purpose Acquisition Companies), que cresceram fortemente no mercado norte-americano, que já levantaram, segundo fontes ligadas ao tema, mais de US$ 70 bilhões.
A busca por métodos e procedimentos mais abertos do que os usuais para participação nos mercados de capitais começam a aparecer fortemente não só nos Estados Unidos, mas também em mercados asiáticos e europeus.
No Brasil, a CVM estuda também a permissão das SPACs.