O potencial de Locaweb (LWSA3) e Intelbras (INT3)

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Mesmo após as ações atingirem uma valorização de quase 600% após o IPO, a Locaweb (LWSA3) ainda tem muito espaço para se desenvolver no segmento — e sem dividir mercado com quase ninguém. Essa é a opinião da Pipeline Capital, consultoria especializada em tecnologia no Brasil.

Entrevista original para a Suno

Fundada em 2013, a consultoria opera na ponta compradora e vendedora do setor. De um lado, ajuda companhias a captarem recursos ou prepara o terreno para a abertura de capital. De outro, auxilia empresas listadas a crescerem de forma inorgânica, comprando outras empresas. Uma delas foi a Locaweb.

No início deste mês, a empresa oficializou a compra, por meio de sua subsidiária Tray, da Samurai Experts Holding, por meio do suporte da Pipeline Capital. O montante a ser pago é de R$ 9,8 milhões. “A Samurai vem reforçar a estratégia do grupo para atender e-commerces de médio e grande porte”, afirmou a Locaweb na ocasião.

A agressividade da empresa se justifica, na opinião do CEO da consultoria, Alon Sochaczewski, em entrevista exclusiva ao SUNO Notícias. “A Locaweb não tem concorrente no Brasil.”

O executivo comenta que a empresa não tem comprado por comprar, mas sim com o intuito de entregar o que foi prometido no prospecto da abertura de capital. Com a aquisição da Samurai, a empresa se aproxima de R$ 400 milhões em compras desde fevereiro do ano passado, sendo que a promessa era alocar R$ 422 milhões (dos R$ 575 captados no IPO) para as compras.

Em meio a tudo isso, a empresa ainda conseguiu entregar resultados. No último trimestre de 2020, a Locaweb teve um lucro líquido de R$ 9 milhões, alta de 29% na base anual.

Intelbras e as empresas de tecnologia na Bolsa

Na entrevista com o SUNO Notícias, Sochaczewski citou a Intelbras (INTB3), outra empresa que recentemente chegou à Bolsa brasileira. Neste caso, a tecnologia da empresa atua em sistemas de segurança.

“A Intelbras tem produtos muito bons e é muito bem gerida. A governança e performance da empresa nos últimos três anos tem sido muito elogiáveis”. A companhia reportou os resultados neste semana, com um avanço de 190% no lucro na base anual, misturando crescimento com rentabilidade.

Para o CEO da Pipeline Capital, as empresas ligadas ao setor de tecnologia, desde o e-commerce, passando por saúde e até esporte, vão liderar as aberturas de capital no Brasil. “Temos tudo para triplicar o número de IPOs do ano passado na Bolsa brasileira, quem sabe no ano que vem”, diz. Em 2020, 26 empresas listaram suas ações, enquanto neste ano já foram 14.

Para ele, que é formado em administração, o ciclo de alta da taxa básica de juros da economia (Selic), iniciada na última semana, não deve impedir a onda das pessoas físicas na B3. “Não estamos falando de uma saída de 2,75% para 10%.”

“Mesmo com a expectativa de alta da Selic, imaginamos que ela não deva passar de 5% nos próximos meses. A taxa de juros ainda continua estando abaixo da média histórica, e isso deve continuar levando as pessoas para capital de risco”, diz Sochaczewski.

O crescimento do mercado de capitais no Brasil, dessa forma, tem tudo para continuar expandindo o desenvolvimento do setor tecnológico.

“A maior parte das empresas ligadas à tecnologia que vão abrir capital — desde que ainda não estejam em um patamar sólido de seu ciclo de vida – devem continuar apresentando forte desempenho. O consumo do digital está em plena ascensão.”

Múltiplos como da Locaweb se justificam

Quando se fala em empresas de tecnologia, muito se pergunta quanto pagar por elas. Em um mundo com taxas de juros zeradas — ou negativas — o custo do dinheiro é baixo, fazendo com que empresas de alto crescimento, que alocam a maior parte do valor no futuro, venham à tona.

Tem sido normal o mercado pagar mais por companhias que possam entregar números extraordinariamente maiores em alguns anos. Contudo, tudo é uma questão de preço e valor e, segundo Sochaczewski, vale a pena pagar caro por algumas empresas do setor, pois o valor ainda está inexplorado.

“Cada caso é um caso, não se deve generalizar. Cada vertente da tecnologia é negociada a um determinado patamar diferente no mercado. Porém, empresas que conseguem crescer e mesmo assim entregar resultados, se dão direito de exigir um valuation maior pois a projeção futura é altíssima“, afirma o especialista.

Para ele, a comparação das empresas disruptivas frente às big techs, como Google (GOGL34) e Facebook (FBOK34), é que essas talvez já estejam chegando próximas de atingir todo o mercado endereçável (TAM, total addressable market, na sigla em inglês) possível, e por isso são negociadas a múltiplos menores. As empresas iniciantes estão em busca de atingir esse patamar.

“As empresas que estão chegando agora ainda tem esse TAM muito distante. Quando uma empresa dessa chega à Bolsa, o investidor paga um múltiplo alto porque o valor absoluto ainda é baixo em comparação ao que pode se tornar”, afirma.

A mesma opinião vale para a Mosaico (MOSI3). Mesmo após dobrar de preço no dia do IPO, na visão dele ainda vale a pena se tornar sócio da empresa, com base no que pode ser entregue. “Assim como a Locaweb, a Mosaico simplesmente não tem concorrente no Brasil. As pessoas precisam entender os produtos que a tecnologia traz.”

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