Ninguém gosta de falar de falência, mas é uma situação que ocorre com a maioria dos empresários do Brasil. No Brasil, 60% das empresas falem antes do 5 ano. Saber falir, e entender todos os passos para que ocorra de modo suave sem que afete ainda mais os empresários, como funcionários e credores. Venha entender a diferença entre falência e recuperação judicial e muito mais!
Kadu: Neste episódio a gente vai falar sobre o processo de falência no Brasil, qual o momento certo de tomar esta decisão difícil e quais os passos a seguir para implementar o processo. Quebrei, e agora?
Estou mais uma vez aqui, numa gravação remota com a equipe da Pipeline Capital: nosso fundador, Alon Sochaczewski, Felipe Wasserman, nosso marketeiro e relação com investidores, Paulo Saretta, líder da nossa equipe de transaction e eu, Kadu Pedreira, market research e empreendedor digital, mediando a conversa de hoje que teve a ajuda do Dr Lázaro do Escritório Perez e Rezende nas questões mais técnicas.
Reforçando que, caso você queira contribuir com comentários e sugestões para o programa, envie sua mensagem através do nosso whatsapp 11 51990880.
Kadu: Quando decidir que faliu e que não vale a pena continuar?
Felipe: Empreender é o sonho de muita gente. Não ter chefe, ficar com o lucro, ou o sonho de ficar rico. Mas na prática, o número de empresas de sucesso é muito baixo. Segundo o IBGE, o número de empresas que fecham é maior do que o número de empresas que abrem. Ao contrario das mensagens de auto ajudo no Linkedin que os vencedores nunca falem, pois saber falir é bem importante!
Quando as perspectivas não são boas, quando a prática não foi igual ao plano, e você não vê uma luz no fim do túnel, talvez seja a hora de reconhecer que não deu certo e partir para um novo desafio, antes que o fardo fique muito pesado. Eu por exemplo já passei por isso, sei o quanto foi difícil reconhecer que não ia dar certo. Mas antes tarde do que nunca. Ficou o aprendizado.
Alon: Empreender é muito importante para um país, para a sociedade. Se vc falhou, não tenha vergonha. Encare com normalidade e a vida é uma contabilidade, onde buscamos mais ganhar do que perder, mas perder faz parte da vida. Quem esconde a derrota ou tem vergonha, deveria refletir que assumir uma fraqueza ‘r uma das maiores fortalezas da personalidade de uma pessoa.
Kadu: Qual a porcentagem de empresas que falem no Brasil?
Felipe: Ser empresario no Brasil não é facil. segundo o IBGE De cada dez empresas abertas, seis não sobrevivem após cinco anos de atividade. Num estudo recente do Boa Vista afirma que Pequenas empresas responderam por 95,1% das solicitações no período. Infelizmente, é mais normal do que imaginamos. O importante é ter os pés no chão e saber quando é a hora de parar e partir pra outra.
Muitas empresas falem apesar da ideia ser bom, e um dos principais motivos é a gestão e controle financeiro.
Kadu: E como nós lidamos com a cultura da falência?
Alon: No Brasil ainda vemos a falência como uma grande decepção e uma vergonha. Os mentores de linkedin vivem postando que os vencedores nunca desistem. Mas desistir de um projeto pode ser a ação mais inteligente que um empresário possa tomar, muitas vezes os projetos não acontecem como planejado e até pelo custo de oportunidade vale a pena desistir para seguir um outro caminho.
Em outros países, a falência é vista como um aprendizado e um grande aprendizado. Não tem modo mais duro e intenso de aprender do que com os próprios erros, este é o único modo que com certeza você não vai repeti-los.
Em países como EUA e Israel, eles valorizam e não demonizam a falência. Especialmente em Israel, existe o Fuck Up Nights que existe hoje em 145 cidades e mais de 200 mil pessoas participaram.
Kadu: Perfeito, Entendi. Mas ai entram duas outras opções: RECUPERAÇÃO e CONCORDATA. Quais são as DIFERENÇAS ENTRE eles?
Saretta: A concordata já foi extinta e era bem menos abrangente do que a recuperação.
A concordata era decidida por um juiz, a recuperação judicial é uma decisão em conjunto dos credores e administrador judicial.
A recuperação pode ser Extrajudicial: (sem a inferência da justiça, ou seja um acordo entre credor e devedor, que deverá ser homologado por um juiz). Essa seria a mais rápida, eficiente e barata de resolver. E Judicial: neste caso a justiça interfere na realização do acordo.Um bom plano de recuperação precisa ser bom tanto para os credores quanto para o empresário.
Kadu: E quando não funciona a recuperação?
Saretta: Ai ocorre a Falencia…
Primeiro vem a declaração de falência, que pode ser requerida pelo empresário devedor ou pelos seus credores.
Na sequencia, são analisadas as informações contábeis da empresa, em especial o ativo e o passivo. São levantados os bens, o que motivou a falência, bem como as ações do empresário responsável pelo negócio, incluindo possíveis crimes falimentares.
Por último,: A liquidação, os bens arrecadados são vendidos e os credores são pagos, por ordem de preferência, encerrando o processo.
Kadu: Quem você precisa pagar primeiro?
Saretta: Resumindo: A Ordem descrita na legislação de recuperação judicial é a seguinte:
- Primeiro as dívidas trabalhistas;
- em segundo, os créditos com garantia real (até o limite do valor do bem gravado);
- Terceiro : Os impostos não pagos mas sem as multas;
- Depois, os débitos com privilégio especial;
- Quinta – Os créditos sem nenhuma garantia de recebimento;
- O sexto: As multas contratuais e as penas por infrações das leis penais ou administrativas, (neste caso, entram as multas tributárias);
- Por último: Créditos subordinados que podem ser previstos em lei, em contrato ou então pertençam aos sócios e administradores da empresa falida, que não tenham vínculo empregatício.
Kadu: Quais áreas você consegue negociar?
Saretta: Empréstimos e fornecedores. Funcionários e impostos são mais difíceis.
Kadu: Eu posso ser preso?
Saretta: A falencia em si não leva a prisão. O que leva à prisão é agir fora da legalidade. Exemplo: se houver apropriação indébita, como INSS retido do empregado, FGTS, IR fonte. Ou entao se for comprovada fraude contra credores (sangrar a empresa sem ter lucro para distribuir).
Kadu: Para fechar, o que podemos deixar de dicas para os empreendedores?
Alon: A falta de organização das finanças é uma das principais razões que podem influenciar em uma falência prematura de um empresa, e para resumir sugerimos algumas boas práticas para o empreendedor.
• Controle e Projete diariamente as Contas a Pagar e Receber de seu empreendimento;
• Tenha como parceiro, um bom contador de confiança ou uma área financeira bem estruturada
• Busque sempre conhecimentos na área de empreendedorismo e finanças;
• Procure sempre entender a fundo as necessidades de seus clientes e mercado;
• Pense grande, mas comece pequeno. • Evite dar passos maiores que pode suportar;
Mas não é só finanças. Sempre alertamos da diferença entre o empreendedor e o gestor. Ser um bom empreendedor não necessariamente significa que vc é um bom gestor. Além da área financeira, que é um alicerce importante e vital de qualquer empresa, é importante ter os outros pilares bem formados. Ter um produto ou serviço bom e sempre renovado. Criar novos produtos e saber se comunicar, fazer publicidade e marca. Não tem diferencial maior do que uma boa marca. Por último e muito importante é ter um time, hoje os fundos de investimento chama de família. Ter um time família faz toda a diferença na alegria e na tristeza.
Agora é importante saber a hora de assumir e realizar o momento de parar, o famoso stop loss. É muito difícil saber quando, mas é importante voc6e ter uma pessoa fora da empresa que seja um conselheiro, um advisor. Trocar com alguém pode ajudar entre a teimosia e a burrice. É muito tênue a diferença.
Kadu: mas e se falir, Alon?
Alon: Bom…parabéns pela decisão e pela coragem. O primeiro ato é não ter vergonha de assumir isso. O segundo é ser racional. Como vc consegue decantar o passivo do ativo, e vender o ativo. Principalmente aquilo que pode gerar para outra empresa uma receita. Nos ativos como cadeiras e computadores, venda aquilo que é facil e rapido, com liquidez. O que não tiver liquidez, doe. O importante é vc fazer este movimento rápido para partir para o próximo projeto.Se vc tiver numa situaçao ou numa indecisão mande uma mensagem pra gente. Conhecemos e bem empresas de tecnologia que pode se interessar pelo serviço ou até mesmo pela sua carteira de clientes.
Esperamos o seu comentário ou sugestão para o nosso programa, através do nosso whatsapp 11 51990880.
Este podcast contou com a…
- Produção executiva de Riza Soares
- Direção de conteúdo de Will Prestes
- Edição e sound design de Luiz Felipe Lamussi
- E trilha e identidade sonora de Frederico Heliodoro.
- É uma produção em parceria com a Pipeline Capital, uma boutique de M&A com gestão.
- Sob Controle é mais um podcast Audioria.