Texto de Pyr Marcondes, Senior Partner da Pipeline Capital.
Isto é incrível, mas as empresas vivem hoje, ainda, o tardio e cada vez mais anacrônico dilema de como transformar dados em efetiva inteligência de mercado. Dados que se concretizem em ações estratégicas práticas diferenciadas, competitivas e altamente rentáveis.
Nunca as companhias tiveram tantos dados à sua disposição. Mesmo diante das limitações das leis de privacidade, o volume de dados disponíveis segue sendo gigantesco. E dados são como enxergar através: eles revelam aquilo que nem sempre está aparente e essa sua natureza de Mãe Diná dá às empresas a condição de tomarem decisões e criarem produtos, estratégias ou modelos de negócios que as coloquem em vantagem diante da concorrência. Ou simplesmente diante de si mesmas. De qualquer forma, avançando e desenvolvendo-se.
Todos os recursos para que isso aconteça estão na mesa. Estão à mão e podem ser acionados. Mas, muitas vezes inexplicavelmente para os tempos que correm, parte relevante das companhias, mesmo aquelas com todas as condições e recursos para que isso seja superado, não conseguem sair desse atoleiro. Sendo que nem existe atoleiro real nenhum.
A não ser aquele que criam para si próprias.
Abaixo, listo 5 razões tontas pelas quais as empresas não transformam esse problema em um antigo legado do passado.
Overload descentralizado – sendo o volume de dados disponível avassalador, o que as companhias insistem em fazer é delegar para cada área autonomia para construírem suas próprias estruturas independentes de dados. É um overload descentralizado. Sendo que existem inúmeras plataformas e softwares disponíveis para centralizar tudo. A gestão onisciente dos dados dos consumidores e de mercados não só é possível de ser feita, como será ela que vai destrancar a bagaça toda, permitindo que as companhias extraiam o melhor e maior valor do que essas informações contém. E, em cima delas, possam construir suas diferenciadas estratégias mercadológicas e de negócios.
Falta de prioridade e foco – há uma monumental preguiça corporativa reinante nas empresas contemporâneas diante desse assunto, que resulta em dados sendo amontoados em arquivos inúteis e mal gerenciados, ou simplesmente não gerenciados. Falta de prioridade e foco são as razões para que isso seja assim, porque recursos para que isso não seja assim estão mais do que disponíveis.
Falta de recursos não é desculpa – a falta de recursos, que é o que a maior parte das empresas que têm problemas na área alega que tem, nem sempre é, de fato, o real problema. O que há é a tal falta de prioridade e foco aí de cima e as lideranças e gestores preocupados com outras coisas, além de uma baita letargia para alocá-los em uma área tão estratégica como a transformação de dados em ações que gerem negócios diferenciados e competitivos. O primeiro culpado disso é o CEO. Mas lideranças C-level de várias áreas compactuam nessa negligência de gestão. De resto, bem burra mesmo.
O desafio do quarter – uma das razões para que essa cadeia de negligência e falta de foco ocorra, é o desafio do quarter. Para dados serem transformados em inteligência competitiva concreta, leva algum tempo. Não é uma ação de dias ou semanas. Muitas vezes, estamos falando de meses. E meses é muito longe para parte dos gestores, que podem seguir investindo em soluções de curto prazo que geram resultados mensuráveis mais imediatos, mas não constroem qualquer diferencial competitivo para o médio e longo prazos. Eu quero é meu bônus no banco, rapaziada!
Desconhecimento das tecnologias e recursos – por fim, há outra preguiça: a ignorância diante das possibilidades tecnológicas existentes. Custa demais para as lideranças aprenderem e entenderem o novo. Elas têm mais o que fazer. O novo, aqui, entenda-se, são as existentes e acessáveis plataformas tecnológicas de gestão inteligente de dados, com vistas a transformá-los concretamente em ganhos estratégicos e de negócios para as companhias. Ignorância proposital, eu acrescentaria, já que não é possível, nos dias atuais, qualquer líder alegar desconhecimento para não incorporar qualquer recurso tecnológico à sua disposição para fazer sua empresa crescer. Francamente.
Assim, o problema deve continuar e as empresas seguirão perdendo ricas oportunidades competitivas. Por conta de 5 razões as mais tontas e frouxas que poderíamos imaginar.
Texto de Pyr Marcondes, Senior Partner da Pipeline Capital. Originalmente publicado por Innovation Insider.
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