Generative AI é apenas uma das dezenas e dezenas possibilidades multifacetadas da inteligência artificial
Por Pyr Marcondes, Senior Partner da Pipeline Capital.
Não preciso e não vou começar falando da importância da AI. Vou direto ao ponto: e daí? O que ela vai mudar na minha profissão, na minha empresa e no meu marketing ano que vem?
Tudo que vai acontecer ano que vem já está começando a acontecer agora, basta olhar à sua volta. Mas a resposta simples é: vai mudar tudo.
Vamos aos detalhes.
1. A função de redatores, diretores de arte e de criação será substancialmente alterada. Haverá menos vagas nas agências nessas atividades, porque parte substancial delas será substituída por AI. Isso vai reduzir os custos das agências nessas áreas e aumentar a produtividade de peças repetitivas. Deve fazer cair o custo também para os anunciantes nessas áreas, pelo mesmo motivo. O trabalho das grandes ideias seguirá sendo vital, mas terá grande colaboração de ferramentas de AI, com os criativos se aproveitando de ideias que muito possivelmente não teriam sozinhos. A necessidade de branding seguirá estratégica, mas não haverá mais branding dissociado de performance. E aí, as máquinas têm, de novo, papel importante de apoio.
2. A produtividade e volumetria assertiva de peças se multiplicará várias vezes (textos, vídeos, anúncios, comerciais, campanhas etc). Isso já sabemos agora. Porém, aumentará também a acurácia e personalização na distribuição dessas peças, resultando na rentabilização como nunca tivemos antes das verbas de mídia. Massa com personalização.
3. A atividade de mídia nas agências também será bastante impactada e da mesma forma (redução de vagas), porém, os profissionais de mídia terão, ainda, relevância estratégica e de negócios. As ferramentas de AI serão utilizadas para as tarefas de alocação de verbas nos canais de forma automatizada e altamente balizada por dados de performance. Com AI, a possibilidade de ajustes em tempo real vai se tornar padrão.
4. Essas mesmas ferramentas farão recomendações mais acuradas de produtos e marcas, otimizando a cadeia de atribuição e conversão no final do funil de vendas.
5. A capacidade preditiva do marketing aumentará substancialmente, porque AI tem a capacidade de, baseada em volumes gigantescos de dados, prever comportamento e consumo. Isso, obviamente, resultará em otimização no resultado final das áreas comerciais e nas vendas finais tanto da indústria, quanto do varejo.
6. Internamente nas empresas (e isso é válido não somente para a indústria do marketing e da comunicação, como também para todas as demais) os workflows serão gerenciados por AI, otimizando tempo, qualidade na distribuição de tarefas e maior controle na gestão de prazos.
7. As atividades de atendimento e suporte ao consumidor serão feitas essencialmente por máquinas. Já são hoje. Multiplique isso muitas vezes. É o que vai acontecer.
8. Máquinas, menos humanos, cada vez mais vão tomar decisões sobre um plano estratégico de marketing, um plano de mídia, preços de produtos, sortimento de SKUs no ponto de venda etc. Em toda a cadeia da nossa indústria, as máquinas farão opções em lugar dos humanos, porque farão isso mais rapidamente e com maior fundamentação em dados e performance efetiva, reduzindo erros e desperdícios.
9. Aumento de volume e precisão em todas as plataformas de mensuração de dados e performance de campanhas.
10. Na área de dados (e entendam que não existe na verdade uma “área” de dados, visto que dados estão já em todas as atividades da nossa indústria),o impacto será igualmente gigantesco já ano que vem, nas seguintes subáreas: data discovery, armazenamento, cura e processamento de dados, governança e segurança de dados, interpretação de dados, talvez o subsegmento mais interessante de todos, com a riqueza de machine learning.
Entendamos que AI são várias. Generative AI é apenas uma das dezenas e dezenas possibilidades multifacetadas da inteligência artificial.
Em seguida, uma lista salpicada de atividades, mais no detalhe, que serão diretamente impactadas e/ou integralmente geridas por AI em nossa indústria.
• Construção de protótipos, apps, softwares e chatbots
• Análise de dados de social media
• Criação de conteúdo
• Geração de imagens e vídeos
• Media targeting
• Personalização de campanhas
• Otimização de SEO
• Hiper personalização do CRM
• Automação do CX
• Busca por voz
Por fim, os cuidados que teremos que ter com tudo isso:
• Privacidade de dados
• Segurança das ferramentas de AI
• Vazamentos
• Dados enviesados de perfis da sociedade
• Manipulação de informações
• Versões fakes de praticamente tudo que possa ser criado e distribuído online
Em 2024 vai acontecer tudo isso aí. Vai ser um ano de arrebentar no âmbito do AI Marketing. Não estamos prontos para ele, sejamos francos. Cabe a cada um de nós se preparar da melhor forma possível para enfrentar toda essa transformação, que não é mais só humana, mas é também do jeito e na velocidade das máquinas. Elas começando a ganhar de nós.
Texto de Pyr Marcondes, Senior Partner da Pipeline Capital, originalmente publicado no Meio & Mensagem.