Empreendedor serial relata os desafios para inovar e como isso veio mudando ao longo dos anos no País; mais do que o financeiro, deve-se considerar o impacto a ser causado na sociedade
“Revolucionário que não gosta do padrão”, é assim que, em poucas palavras, Breno Masi define sua personalidade que o levou a sua trajetória de sucesso. Hoje, co-fundador e CPO da PlayKids (Grupo Movile), ele já vem na estrada do empreendedorismo desde os inacreditáveis 16 anos. Fã de tecnologia, já fundou várias empresas, entre elas a Fingertips, Estrela Digital, Monster Juice e Live Here, e foi também o primeiro brasileiro a desbloquear um iPhone e daí veio seu apelido ‘Mac Masi’. Ele é o primeiro entrevistado a abrir a 3ª temporada de “Papo de M&A”, podcasts da Pipeline Capital, empresa de M&A com foco em tecnologia, e divide momentos importantes da sua carreira, entre altos e baixos, ao fundar e vender empresas.
“Uma forma que eu achei de mudar esses cenários [que o incomodavam] foi empreendendo, criando uma forma diferenciada de fazer as coisas. No total, tenho algumas dezenas de CNJs no meu nome, alguns envolvendo processo de venda e até de saídas interessantes, alguns deram certo, outros não. Não existe uma forma receita de bolo quando você vai fazer M&A”, ressalta Breno Masi, co-fundador e CPO da PlayKids.
Na vida empreendedora de Breno, o que não falta são histórias inspiradoras, como a abertura de sua primeira empresa quando criou uma nova proposta de serviço “PDV” o qual registra ações básicas de consumo de comércios. O diferencial da empresa dele foi o foco em farmácias e lavanderias (que até então não contavam essa opção de serviço ali pelos idos anos 2000), em um novo sistema mais simples e mais acessível por ser em português.
O negócio de Breno foi evoluindo e dando muito certo até que chamou a atenção de um investidor potencial. E hoje ele reconhece seu primeiro erro ao vender sua empresa: não ter escutado mentores mais experientes e ter feito o valuation com base na sua ambição de consumo pessoal que à época era comprar um carro, dar entrada em seu apartamento e viajar. Quanto ao depois, ele mesmo “se garantiria”, pois criaria outros negócios igualmente bons ou melhores.
No fim das contas, o Breno vendeu a empresa para um amigo, o mesmo que o desaconselhou a vendê-la, e comprou o carro de seus sonhos, mas que durou poucas horas em sua mão pois logo foi roubado na porta da casa de seus pais, bem no dia em que orgulhosamente foi apresentá-lo. O dinheiro que sobrou, ele não conseguiu dar entrada na casa própria, mas investiu em seu novo projeto. O amigo, no entanto, se deu bem com a aquisição e lucra até hoje com o ativo criado há mais de 20 anos. “Não existe um bom momento de saída, ao mesmo tempo você não pode fazer as coisas pela emoção, mas sim ter um racional por trás e pensar no impacto que a sua empresa pode trazer num longo prazo, já que o empreendedor tende a pensar somente no imediato”, pondera.
Passado o trauma de não ter tido a melhor estratégia na venda de sua empresa, Breno se deparou novamente com a mesma situação de investidores querendo comprar sua empresa à época focada em solucionar problemas de negócios por meio do uso criativo e eficaz das tecnologias móveis. Pois então, dessa vez, ele bateu o pé que não iria vender a sua parte, e ao final, a estratégia também não deu certo. “Após 3 anos a empresa quase quebrou e saí da sociedade pois não concordava com o direcionamento. Então, muitas vezes a gente acaba se perdendo no processo de M&A, por algo chamado ego. É o que sempre alerto os meus amigos, para o deixarem sempre de lado”, relembra.
Se por um lado, o empreendedor enfrentou dificuldades no passado seja pela sua pouca experiência como empresário ou por falta de iniciativas de fomento à inovação, por outro, hoje, ele acredita que o contexto para se empreender no País está muito mais facilitado com o amadurecimento do ecossistema de venture capital. “Nunca imaginei na minha vida, mas hoje sou investidor anjo, algumas vezes eu invisto dinheiro, dou tickets altos até, por uma ideia que rodou com 50, 60 pessoas, isso era inconcebível aos investidores no passado, e o cenário mudou graças a essas empresas e serviços que vieram através dos smartphones”, comenta.
Os anos como empreendedor também foram importantes para Breno reconhecer a importância do auto questionamento sobre o que se busca com a captação a partir da fusão ou venda de uma empresa. Na opinião dele, o valor monetário vem em segundo ou terceiro plano, num processo de M&A o que se busca é acelerar as coisas, atingir marcos de maturação da empresa de forma mais rápida. O mais importante é a parte estratégica, ‘ainda que o valution caia’, mas ao ter parceiros extremamente alinhados, por outro lado, há uma facilitação na captação de novos investimentos no futuro.
Para conferir a entrevista completa entre erros e acertos do empreendedor Breno Masi ao fundar e vender empresas, clique aqui.