Texto de Pyr Marcondes, jornalista, publicitário, consultor, publisher, autor, investidor, M&A Tech Advisor. É Senior Partner da Pipeline Capital.
A recessão econômica global ou até uma possível estagflação atingindo mais dramaticamente as economias mais frágeis ou em crescimento (Brasil incluso) – como prevê o Banco Mundial em seu último report (falei sobre ele em outro post) – deverá durar dois anos ou até mais.
Mas a indústria dos investimentos, que mais de uma vez na história provou-se como um setor com dinâmica própria razoavelmente descolada dos indicadores clássicos da macroeconomia, deverá passar por reajustes de forma mais rápida
Hoje, esse mercado não está parado, mas está visivelmente mais conservador e cauteloso. Em verdade, segue em busca de oportunidades, já que muitos ativos (startups, scale ups, Series A mais notadamente) poderão se apresentar como excelentes opções de investimento e compra exatamente agora.
Mas de 3 a 6 meses deveremos passar por um primeiro momento de retomada, quando os valuations, hoje esmagados, se acomodarão a um novo patamar mais estável e reajustado, já que estavam excessivamente inchados. Isso fará com que os early movers se movimentem. Eles liderarão o push dos investimentos, que tenderão a voltar a fluir de forma mais orgânica, ainda que em ritmo lento e gradual.
A indústria de investimentos começará então a perceber que estagnar-se por mais tempo não é um bom negócio, sendo que sempre, em qualquer mercado, os primeiros que se movem com uma perspectiva de crescimento à frente, ainda que com volatilidade presente, tendem a se rentabilizar mais e melhor com isso.
Vejam abaixo, este é o gráfico do desespero dos mercados. Vários reagem assim. O de investimentos não é diferente.
A fase de mania (como nos transtornos bipolares) nós vivemos nos últimos 10 anos. Nos últimos 6 meses, vivemos as fases de Medo, Capitulação e, exatamente agora e nos próximos meses, estaremos vivendo a fase de Desespero.
Mas ela vai passar e retornaremos, num ritmo que creio que será como segue.
Uma nova fase deverá ter lugar de 6 a 12 meses, em que essa retomada será bem mais evidente. As séries B, C e D deverão ser retomadas em etapas, já que uma depende da outra, numa cadeia que puxa para baixo todos os elos num momento como este, mas que igualmente puxa esses mesmos elos para cima, quando o oxigênio financeiro voltar a irrigar os mercados.
Os unicórnios, inevitavelmente, sairão lá na frente desvalorizados em relação ao passado recente e terão que conviver com um novo patamar de valor.
As big techs, também dramaticamente atingidas no valor de suas ações, viverão uma espécie de ilha própria, já que estão hoje diante de desafios não apenas econômico-financeiros, mas de questionamento de sua própria identidade no mercado capitalista. Mesmo durante todo esse período que se seguirá, várias delas atingirão um market cap acima de trilhão de dólares (maior que alguns países) e isso é um dado novo.
Em 18 meses, o mercado deverá ter retomado sua rota.
Veremos, ainda, dispensas de mão de obra nos próximos meses. Veremos empresas quebrando. Veremos empreendedores em busca mais ansiosa por caixa, já que o momento de cash burn de mais longo prazo acabou e agora o mercado busca por planilhas e projeções mais positivas.
Mas como toda crise, esta também passará. E quem souber se posicionar de forma mais ágil, inteligente e estratégica, sairá dela financeiramente recompensado.
Texto de Pyr Marcondes, jornalista, publicitário, consultor, publisher, autor, investidor, M&A Tech Advisor. É Senior Partner da Pipeline Capital.
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