Texto de Alon Sochaczewski, CEO da Pipeline Capital.
Em Israel, País de origem da minha família, as empresas nascem para serem globais. Por um simples e óbvio motivo: Israel é um pequeno País e há lá um potencial enorme de inovação e empreendedorismo. O resultado é que não cabem todos no mesmo mercado e as startups ou qualquer empresa que se origine lá, tende a fazer o processo de Cross Border. Ou seja, atravessar a fronteira de casa e tentar conquistar o mundo, esteja o mundo onde estiver.
Esse espírito não necessariamente deveria ser apenas de países como Israel, que tem um ambiente de negócios mais restrito. Deveria valer para todos os países e empresas que almejam crescer e se desenvolver. Não importa o tamanho do mundo. Até porque, com o fenômeno da globalização e das redes digitais interconectadas, o mundo encolheu substancialmente.
As empresas norte-americanas e chinesas, nem precisamos dizer, sabem disso há décadas.
Mas o Brasil sofre uma espécie de complexo de vira-lata, me perdoem a expressão forte. Porém, factualmente verdadeira.
Contamos nos dedos as empresas de origem brasileira com operação fora do País. E isso ocorre, além da falta de cultura empresarial nacional para ir para fora, também porque, ao contrário de Israel, sermos um País que vale por vários mercados internacionais juntos.
Essa contingência, digamos, histórico-geográfica, é sem dúvida fator determinante para, como em Las Vegas, o que acontece aqui, ficar por aqui.
Ok, faz enorme sentido.
Mas há um dado que não podemos esquecer: o Brasil é enorme, mas o mundo é bem maior. E se aqui pode haver prosperidade para o seu negócio, certamente haverá potencialmente mais, se você puder pensar em uma estratégia cross border.
Aqui na Pipeline Capital Tech temos um exemplo legal disso: a Corebiz. Ela nasceu pequena, como todas as startups, e foi crescendo no mercado de plataformas omnichannel. Cresceu a tal ponto, que começou a se perguntar porque ficar apenas no Brasil.
Mas veja, ela não era gigante, continuava uma empresa de certa forma pequena. Mas a cabeça de seus empreendedores se recusava a pensar pequeno.
Com nosso apoio, a Corebiz comprou e se associou com sete empresas na América Altina, e se transformou na maior integradora omnichannel Latam. Isso em 4 anos.
Agora, estamos ajudando a empresa num cross border ainda mais abrangente, e ela tem já escritório na Europa e vai abrir outro, se tudo certo ainda este ano, nos EUA. Veja, escritório com gente lá. Não é uma representação comercial local. É operação mesmo, que deve ficar cada vez mais full nesses continentes.
Cito esse exemplo porque ele mostra com clareza que mesmo empresas de pequeno porte, se forem arrojadas e determinadas, podem e devem crescer fora do País.
É claro que não são todas as companhias que terão essa vocação. Mas nos surpeenderíamos de como há mais empresas com vocação cross border do que temos hoje efetivamente em operação ou pensando em operar fora do País. Aposto todas as minhas fichas nessa estatística.
Hoje temos a nosso favor o câmbio, mas não gostaria que você imaginasse que fica apenas nessa questão financeira o nosso potencial de crescimento internacional.
Notadamente no âmbito das novas tecnologias, onde a Pipeline Capital Tech atua predominantemente, vemos potencial de qualidade, conhecimento técnico e criatividade no desenvolvimento de soluções e produtos, que caberiam perfeitamente em vários outros mercados do mundo.
Pensemos também que se há países mais evoluídos que nós e mercados bem mais robustos, há também tantos outros diante dos quais somos maiores, mais avançados e mais qualificados. Mais de uma centena, eu arriscaria.
Assim, acredito fortemente que pensar grande é, muitas vezes, igual a pensar pequeno. Só que pensando grande, você e sua empresa podem ir, literalmente, mais longe.
Livre pensar, é só pensar.