Texto de Pyr Marcondes, Senior Partner na Pipeline Capital.
O número global de M&As mostra uma curva histórica de crescimento nos últimos cinco anos, tendo atingido seu pico em 2017, com a impressionante marca de 52.540 transações. Em 2020, por conta da pandemia, esse ímpeto arrefeceu, mas não despencou.
O valor médio das transações no período manteve-se igualmente alto em relação a anos anteriores, embora ano passado esse indicador tenha sofrido uma esperada queda.
É o que mostram os estudos do Institute for Mergers, Aquisitions & Alliances, como no gráfico abaixo.
No Brasil, registra-se um movimento peculiar.
O pico de transações de M&A foi nos anos de 2007 e, particularmente, em 2008. A partir de 2010, o País entrou em um ritmo em que os patamares médios tanto de transações, como de valores envolvidos, passou a apresentar uma consistência recorrente, o que reflete indiscutível amadurecimento do setor. Já em valores absolutos das transações, o pico aponta para cima exatamente nos últimos anos, incluindo-se aí mesmo o fatídico ano de 2020, pico da pandemia. Veja gráfico abaixo.
Não há como não projetarmos uma retomada do crescimento desse setor nos próximos anos, com o arrefecimento da pandemia e a esperada retomada de um ritmo mais estável da economia. E o fato dos valores envolvidos em M&A seguir crescendo indica, também de forma indiscutível, que esse tipo de atividade, em que empresas se fundem ou compram outras, aponta para um ciclo de consolidação empresarial corporativa no País.
As consolidações, em geral, ou refletem movimentos de defesa do capital em busca de solidificação em um número mais concentrado de ativos e menor pulverização, ou amadurecimento de setores econômicos em busca de mais eficiência em torno de operações mais rentáveis. Ou por escala ou por eficácia tecnológica. Ou ambos.
No Brasil, o que assistimos é um País economicamente instável e internacionalmente frágil, buscando, via M&A, entre outras alternativas, sua própria consistência na evolução do seu capitalismo jabuticaba.
Mesmo com um formato próprio, o gráfico acima não deixa dúvida de que estamos avançando e evoluindo. E que M&A seguirá sendo um consistente instrumento de depuramento e aprimoramento da economia do País.