Texto de Pyr Marcondes, Senior Partner da Pipeline Capital.
Esta imagem abaixo é um marco. Trata-se da cópia de registro de trademark da carteira de cripto do J.P. Morgan.
Como sabemos, as instituições financeiras tradicionais torcem fortemente o nariz para o mundo cripto. Fazem isso porque entendem que se trata de um ecossistema disruptivo ainda cheio de incertezas (e é mesmo), não regulado (não é mesmo), que volta e meia expõe suas fragilidades (o que de fato ocorre), e que manter o status que diante de desafios inovadores dessa natureza é sempre a postura mais indicada. Bom, era.
O mundo dos criptoativos em geral deverá percorrer ainda um tortuoso, mas inevitável, caminho até sua consolidação. Faz parte da jornada de toda transformação disruptiva.
No mercado financeiro, essas transformações enfrentam resistência cerrada porque estamos falando de grana. Do esteio de tudo que o capitalismo conhece como economia e negócios. Não se mexe nisso com facilidade. Nem rapidez.
No entanto, é exatamente no mercado financeiro que temos acompanhado as mais profundas disrupções com o advento das fintechs, que colocaram de pernas para o ar exatamente essa indústria tão conservadora e resistente a mudanças.
Cripto não é, nem será, diferente.
Reúno aqui abaixo alguns fatos da imprensa financeira dos EUA, que dão conta de como o J.P. Morgan começou a se flexibilizar e explico já porque isso é emblemático: o J. P. Morgan está avaliado em US $390,26 bilhões e é a maior instituição financeira em ativos dos EUA, que por sua vez é a maior economia do mundo. Só isso já bastaria. Mas uma organização desse porte e dessa relevância estar entre as primeiras nesse tipo de iniciativa é que de fato surpreende e impacta.
Trata-se de um sinal de que esse é um caminho e uma plataforma que precisa ser testada na prática e colocada a disposição, como portfólio de serviços, a seus clientes.
Recentemente, em 2 de novembro, o banco executou com sucesso seu primeiro comércio financeiro descentralizado (ou DeFi) que ocorreu na rede blockchain Polygon.
Jamie Dimon, CEO da instituição financeira, surpreendeu a todos ao dizer recentemente que o Bitcoin tem “vantagens significativas”. Estava já no forno, certamente, a ideia de registrar sua marca de cripto wallet.
A declaração de Dimon foi um choque porque ele e o banco que comanda sempre foram conhecidos pelo ceticismo em relação às criptomoedas e aos efeitos que elas têm no sistema financeiro atual.
Em agosto passado, foi revelado que o J.P. Morgan se moveu silenciosamente nos bastidores do mercado para dar a seus clientes de gerenciamento de patrimônio (wealth management) acesso a um total de seis fundos criptográficos através de um programa que foi implementado em julho passado.
Agora, em 15 de novembro, o Escritório de Patentes e Marcas Registradas dos Estados Unidos (USPTO) concedeu ao banco o pedido de marca registrada para J.P. MORGAN WALLET, (esse aí acima) o que permitirá que ele ofereça uma carteira de criptomoedas para transferência e troca de moeda digital. Permitirá ainda que o banco processe pagamentos criptográficos e ofereça a seus exclusivos clientes contas correntes virtuais.
Também abrangerá outros serviços financeiros relacionados, como fundos de contraparte e gerenciamento de transferência eletrônica.
A imprensa especializada dos EUA nos lembra que essa decisão do J.P. Morgan de ter sua própria carteira criptográfica se soma a seus esforços em explorar novas maneiras de incorporar a tecnologia blockchain a seus serviços, com o objetivo de não ficar para trás na transformação digital do setor e fornecer exposição segura a ativos criptográficos para seus clientes.
Ou seja, emblemático é pouco. É um cheque caução para o futuro.
Texto de Pyr Marcondes, Senior Partner da Pipeline Capital.
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